O objeto a representa um objeto perdido ou ausente que provoca um desejo intenso e insaciável. É inalcançável e inatingível, sua busca é infinita e não pode ser completamente satisfeita.
Está profundamente relacionado à falta primordial, pois é esta ausência que impulsiona o sujeito a buscar incessantemente por este objeto. Trata-se daquilo que falta ao sujeito e que ele procura incessantemente para preencher essa ausência (a qual ele sequer consegue nomear).
O objeto a pode ser: um objeto físico, uma pessoa, um ideal, qualquer coisa que seja capaz de despertar o desejo do sujeito. Pode ser alocado em diferentes aspectos da vida cotidiana, como relacionamentos amorosos, consumo de bens materiais ou busca por reconhecimento social.
Imagem por Mariana Montrazi
O objeto a também está atrelado à castração simbólica, representando a perda do objeto primordial e a entrada no mundo simbólico, no mundo da linguagem. É um conceito complexo e multifacetado, que também está relacionado ao conceito de gozo — forma de prazer que pode levar à destruição do sujeito.
O objeto a não é acessível aos órgãos dos sentidos, mas também não é algo transcendental; é um objeto do plano sensível mas inacessível a sensibilidade direta da nossa experiência.
“Em primeiro lugar, nunca houve tal objeto: o “objeto perdido” nunca existiu; ele é somente constituído como perdido após o fato, na medida em que o sujeito é incapaz de encontrá-lo em qualquer outro lugar que não na fantasia ou na vida onírica. O objeto a é o resto desse processo de constituição de um objeto, os restos que escapam ao domínio da simbolização. É uma lembrança de que existe algo mais, talvez alguma coisa perdida, talvez ainda a ser encontrada.”
Portanto, o objeto a desempenha um papel crucial na formação do sujeito e na constituição do desejo humano.
Lidar com a falta requer trabalho constante, onde no processo de análise o analisando busca construir outras formas de encontrar satisfação e realização.
Referências:
Para entender Lacan, De antes de Freud ao fim da análise, Christian Dunker, Casa do Saber
O Sujeito Lacaniano, Bruce Fink (1998)
Sara Cristina Chiamolera
Psicanalista; Atendimentos on-line
Comments