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Foto do escritorSara Chiamolera

O não-dito retorna transmutado em suas piores formas

Conteúdos não expressados nunca morrem. São enterrados vivos e depois retornam de formas piores.


Ao optarmos por silenciar questões que nos afligem e não falar sobre o que nos incomoda, o não-dito pode ressurgir, transformado em sintomas.


A psicanálise dedica-se ao sujeito muitas vezes negligenciado pela ciência, concentrando-se no que escapa à percepção do médico. Não nos aprofundamos em medições sanguíneas, radiografias ou diagnósticos. Ao invés disso, ouvimos o que o sujeito tem a relatar sobre seu corpo, sobre aquilo que se encontra “perturbado” por uma enfermidade desafiadora para os tratamentos convencionais. São doenças que frequentemente não possuem uma causa específica identificada pela medicina.


O não-dito retorna transmutado em suas piores formas

Arte por Maykel Lima


Então, o que acontece com o que não é dito?

Essa é uma questão fundamental no processo de psicoterapia. Muitas pessoas chegam na clínica acreditando que todos os seus problemas surgiram atualmente, no trabalho, num relacionamento, na família, etc.


Portanto, é comum tratar os sintomas físicos como dores corporais, problemas de pele, insônia, ansiedade e dores de cabeça sem investigar profundamente suas origens.

Por meio da fala, torna-se possível estabelecer novas conexões com conteúdos reprimidos que estão contribuindo para os sintomas atuais.


O simples ato de falar sobre nós mesmos — nossos sentimentos, pensamentos, desejos, medos e até mesmo conflitos internos — pode reduzir significativamente o sofrimento e ajudar a diminuir os sintomas físicos.


Assim, é possível investigar e elaborar algo que ainda parece nebuloso; aos poucos, é possível desatar alguns nós.


O método psicanalítico busca explorar as raízes inconscientes dos pensamentos, emoções e comportamentos. Por meio do processo terapêutico, auxilia-se na compreensão de como experiências passadas, traumas e conteúdos reprimidos podem influenciar as emoções, comportamentos e sintomas físicos do indivíduo.


“(…)o dito tem valor enquanto palavra que funda o fato e faz registrar a história” (Fochesatto, 2011).


Fochesatto, W. P. F. (2011). A cura pela fala. Estudos de Psicanálise, (36), 165–171.


Sara Cristina Chiamolera

Psicanalista; Atendimentos on-line

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